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Quinta, 01 Março 2018 00:34

EM SÃO GONÇALO, 59% DOS FUNCIONÁRIOS DA ENEL JÁ FORAM AMEAÇADOS, 55% AGREDIDOS E 35% COAGIDOS, MOSTRA ESTUDO

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O site do INCT InEAC reproduz aqui a matéria publicada no Jornal O Fluminense e que trata de um trabalho realizado por pesquisadores do InEAC e coordenada pela antropóloga Ana Paula Mendes de Miranda.

Violência contra o trabalhador

Em são Gonçalo, 59% dos funcionários da Enel já foram ameaçados, 55% agredidos e 35% coagidos, mostra estudo

Um levantamento realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), através do Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (Ineac), apontou que 91% dos funcionários da Enel Distribuição Rio, alocados em São Gonçalo, se sentem inseguros no trabalho. De acordo com o Mapa de Percepção de Riscos desenvolvido pelo núcleo de pesquisas, as áreas que possuem maior índice de periculosidade são os bairros do Salgueiro, Jardim Catarina, Jockey, Santa Luzia e Venda da Cruz.

Segundo a coordenadora da pesquisa, Ana Paula Miranda, o estudo avaliou as condições de trabalho dos colaboradores que atuam nas cidades de São Gonçalo e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, apontadas pela concessionária como os territórios com maior número de furtos de energia. Nessas regiões, o acesso informal aos serviços elétricos provocam até 50% de perda no faturamento da distribuidora, devido à ocorrência de gatos e instalação do mercado irregular de energia administrado por traficantes e milicianos.

A partir desta análise, o estudo reuniu 48 pesquisadores e entrevistou 969 trabalhadores com o objetivo de identificar e mapear as áreas de risco com base nos dados do relatório de vitimização, desenvolvido no ano passado. A pesquisa revela que em São Gonçalo, 59% dos funcionários já foram ameaçados, 55% agredidos e 35% coagidos. O estudo também aponta que os problemas mais frequentes na rotina de trabalho dos profissionais estão relacionados à ameaça do tráfico, tiroteio, ameaça de morador e miliciano.

“Nesta pesquisa de vitimização concluímos que os trabalhadores do ramo da rede elétrica se sentem tão inseguros quanto os policiais. Além da exposição ao acidente de trabalho, eles estão sujeitos a episódios de tiroteio e agressões, o que aponta que esses profissionais são triplamente vitimizados”, explicou a coordenadora acrescentando que “muitas vezes a iniciativa de agressão contra o trabalhador parte da população. Em São Gonçalo, 35% dos profissionais alegaram já ter sofrido violência pelas mãos dos próprios moradores e 60% revelaram que já foram coagidos a fazer gato”, ressaltou.

Poder paralelo – Ainda conforme o estudo, 80% dos colaboradores alocados em São Gonçalo disseram que precisam informar aos traficantes sobre a realização do serviço. Entre as situações que mais preocupam os profissionais estão a incidência de confrontos, apontada por 65% dos entrevistados, e a possibilidade de não conseguirem deixar o local, conforme alegaram 45% dos trabalhadores. Nas áreas de risco da cidade, 70% dos funcionários relataram ter visto traficantes armados, 52% já presenciaram tiroteios, 27% viram milicianos armados, 27% se depararam com cadáveres nas ruas e 23% viram pessoas baleadas.

O Mapa de Percepção de Riscos foi encomendado pela Enel, por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento. Em nota a concessionária esclarece que prioriza a segurança dos funcionários e, por isso, é impossibilitada de atuar em 217 áreas no Rio de Janeiro, em razão da violência.

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