enfrdeites
Notícias

Notícias (925)

O site no INCT/INEAC disponibiliza aqui o artigo dos pesquisadores Daniel Simião (UNB e INCT/INEAC) e Kelly Silva (UNB e INCT/INEAC) sobre poder local em Timor-Leste, publicado na Australian Journal of Anthropology.

Para acessar o artigo faça, abaixo, download do PDF em anexo.

 

Por Bolivar Meirelles –

Trabalhou com Garotinho na Secretaria de Segurança. Fazia o lado bom. Introduziu um Sistema de Informações. Trabalhou com ele o Medeiros, bom quadro. Medeiros foi, como aluno ainda, acho que da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, atingido por um dos atos Institucionais.

O Coronel Jorge da Silva, antropólogo também, professor, intelectual. Quadros da energia do pensamento brasileiro. Atuantes militantes do movimento consciente dos e das negras que lutam pela superação da discriminação de raças e entendimento da “espécie humana” como verdade única.

Pêsames aos que, familiares ou não, privaram do enriquecedor convívio com este intelectual brasileiro que foi o Professor, Antropólogo, Coronel PM Jorge da Silva.

Jorge da Silva Presente!


BOLIVAR MARINHO SOARES DE MEIRELLES – General de Brigada Reformado, Cientista Social, Colunista do jornal Tribuna da Imprensa Livre, Mestre em Administração Pública, Doutor em Ciências em Engenharia de Produção, Pós Doutor em História Política, Presidente da Casa da América Latina e Colunista do Caminhando Jornal TV (TVC-Rio).

Buenos Aires, 15 de diciembre de 2020 El Equipo de Antropología Política y Jurídica quiere expresar su tristeza por el fallecimiento del doctor Jorge da Silva, inmenso luchador por los derechos humanos, inteligente cientista político y un activista comprometido con la seguridad democrática y la denuncia del racismo. Jorge da Silva fue doctor por la Universidad Estadual de Río de Janeiro (UERJ) y profesor de la misma universidad así como en cursos del Núcleo Fluminense de Estudios y Pesquisas de la Universidad Federal Fluminense. Nació en la favela Complejo do Alemão en Río de Janeiro, fue Policía Militar llegando al cargo de jefe de Estado Mayor General. Fue Secretario de Estado de Derechos Humanos y también Director del Instituto de Seguridad Pública del Gobierno del Estado de Río (ISP). Autor de libros, artículos e incansable partícipe en los debates de los medios de comunicación, fue un precursor de las investigaciones sobre policía y seguridad pública. En todos sus trabajos fue un hombre activo, íntegro y apasionado en la defensa de los derechos de sus conciudadanos y en particular, un referente pionero en su país contra la violencia y el racismo. Además de sus grandes méritos como pensador y militante, quienes integramos este equipo queremos recordarlo especialmente como un amigo muy querido, abierto y siempre interesado en el debate e intercambio de ideas y experiencias, generoso y amable. Una persona grande y sencilla, que supo como pocos convertir la experiencia vital en reflexión, obras y políticas contra las violencias y las discriminaciones. Compartimos la pena con su familia y amigos y colegas. Equipo de Antropología Política y Jurídica Instituto de Ciencias Antropológicas – Sección Antropología Social Facultad de Filosofía y Letras – Universidad de Buenos Aires

 

A Coordenação do Curso de Especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal lamenta profundamente o falecimento do Professor Jorge da Silva, Coronel da Polícia Militar, que foi uma das principais pessoas que possibilitou a criação deste curso. Em suas obras sempre defendeu a importância de se pensar a segurança pública fora da ótica jurídica e militar. Argumentava que essa perspectiva era normativa e fragmentada. Sua contribuição aos estudos da violência passou por sua incorporação da análise da discriminação racial, tema que sempre pautou sua reflexão teórica e sua vida. Seu livro “Violência e Racismo” foi publicado pela primeira vez em 1998, na Coleção Antropologia e Ciência Política, tendo sido reeditado em 2003 e 2016, pela Eduff. Por iniciativa sua, quando Diretor-Presidente do Instituto de Segurança Pública, foi publicado em 2003, o livro Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública, com três monografias selecionadas da primeira turma do curso. Os trabalhos do Major PM Wilson de Araújo Filho, do Prof. Edilson M. Almeida da Silva e da Profa. Haydée Caruso, refletem bem o esforço do intercâmbio para a produção de conhecimento empírico e teórico no campo das Ciências Humanas que orientaram a direção do curso durante as duas décadas de sua existência. Viver a gestão pública e pensar sobre ela foi uma das marcas de Jorge da Silva, conhecido também por sua gentileza, bom humor e sua voz, que maravilhava quem o ouvia cantar. Em nome do corpo docente e discente manifestamos nossos sentimentos de pesar e solidariedade a sua família, acreditando que o tempo será o senhor que transformará a dor em saudade eterna.

Ao mestre Jorge, nossa gratidão.

 

Jorge da Silva (1942-2020)

 

O INCT-InEAC lamenta a morte do professor, pesquisador e intelectual Jorge da Silva, membro da nossa rede de pesquisa e um dos mais importantes articuladores de projetos decisivos que possibilitaram o desenvolvimento e acúmulo da massa crítica de que hoje dispomos. Nesta nossa despedida, onde rememoraremos sua trajetória, é importante sublinhar, antes de tudo, que o professor Jorge da Silva era uma pessoa singular. Sua inteligência privilegiada combinava com a generosidade de seu espírito, expressa sempre em sorrisos e risadas espontâneas, trato hospitaleiro e, principalmente, um olhar e audição atentos para com o interlocutor. Era, assim, uma figura humana exemplar capaz de aliar, de forma natural, empatia pessoal e excelência profissional a toda prova. Exercitou desta forma rara e ampla competência para a vida em diferentes universos e contextos, sempre demonstrando grande capacidade para projetar, no futuro, aspirações coletivas e de bem estar para todos na sociedade.

 

Jorge da Silva, como fazia questão de dizer, era nascido e criado no Morro do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Proveniente, portanto, de uma família humilde, cujos pais eram referenciais de dignidade e orgulho. Era também um militante importante do movimento negro, um intelectual orgânico deste movimento, como também do oficialato da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Nesta última instituição ele teve uma carreira brilhante. Foi sempre destacado como “O Primeiro Aluno”.  No momento atual, onde assistimos hordas obscurantistas insistentemente opor o pensamento científico e ordem social, Jorge da Silva já nos parece saudoso. Representou com firmeza e brilhantismo a tradição policial compromissada com os valores democráticos, por eleger educação, cortesia, reflexão e tolerância para com a diferença enquanto denominadores comuns para conjugar uma segurança pública identificada com os interesses mais amplos da sociedade.

 

Jorge obteve seu doutorado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 2005, com a tese Violência e identidade social: um estudo comparativo sobre a atuação policial em duas comunidades no Rio de Janeiro, orientado pela professora Márcia Contins. Antes, teve reconhecido dois títulos de mestre. Na UFF, em 1998, ele apresentou a dissertação Violência e racismo no Rio de Janeiro, orientada por Roberto Kant de Lima, obtendo o título de mestrado em Ciência Política pelo então Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política (PPGACP/UFF). Entretanto, vinte e seis anos ele já tinha sido reconhecido mestre em Letras pela Universidade Federal Fluminense - onde concluíra a graduação em Letras, em 1970. Sua dissertação de mestrado, orientada por Carly Silva e  defendida em 1973, foi intitulada Para o estudo sistemático do artigo indefinido em inglês; consistiu em um primeiro esforço comparativo sobre as formas idiossincráticas de expressão na língua inglesa, que ele dominava como poucos. Um detalhe: concluiu aquele mestrado no período em que cursava nova graduação em Direito, também pela Universidade Federal Fluminense.  

 

No ambiente castrense Jorge da Silva frequentou todos os cursos regulares do oficialato da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Naquela corporação chegou ao último posto, o de coronel, e ocupou altas funções.  Em decorrência de sua formação profissional, assumiu compromissos éticos com aquela instituição, mas também com a sociedade. Em função disso, desenvolveu ampla experiência nas áreas de Educação, de Formação Policial, e de planejamento estratégico no campo da Segurança, Justiça e Direitos Humanos. Foi um dos maiores intelectuais do país na elaboração de políticas públicas nessas áreas, em razão sobretudo de sua atuação como integrante da cúpula da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro até 1994 (subsecretário de Estado e chefe do Estado Maior Geral), e depois em cargos da alta administração do Estado, a saber: coordenador de Segurança, Justiça, Defesa Civil e Cidadania (2000-2002), presidente do Instituto de Segurança Pública - ISP (2003), Secretário de Estado de Direitos Humanos - RJ (2003-2006). Na área federal, foi diretor do Departamento de Políticas de Justiça da Secretaria Nacional de Justiça e Cidadania do Ministério da Justiça (2017).

 

Na Universidade Federal Fluminense, que sedia o nosso INCT-InEAC, ele foi professor convidado do Curso de Especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública (JCSP/ICHF/UFF), além de conteudista do Curso EAD de Tecnólogo em Segurança Pública (Consórcio Cecierj-Cederj / UFF). Também no âmbito do InEAC ele ministrou a disciplina Por uma Criminologia Crítica do Sistema Penal, no Curso de Especialização em Pesquisa Empírica em Direito e Sociedade, da Universidade Agostinho Neto na cidade de Luanda, Angola, resultado de um convênio com a Universidade Federal Fluminense, em 2012. Foi também professor colaborador no curso de Bacharelado em Segurança Pública e Social, ministrando a disciplina “História das Representações Jurídicas e Sociais” para as primeiras turmas do curso, em um momento onde o Departamento de Segurança Pública contava com apenas quatro professores concursados. Na ocasião, junto com a socióloga Maria Stella Amorim, o colega abrilhantou nosso projeto, injetando ânimo em uma juventude que ainda não tinha clareza sobre as potencialidades de uma formação profissional na área de segurança pública.

 

Jorge da Silva era professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro / UERJ; como dizia, aposentado, mas ativo. Naquela  universidade estadual foi coordenador executivo da Coordenação Multidisciplinar de Estudos e Pesquisas em Ordem Pública, Polícia e Direitos Humanos, sediado na Reitoria; foi também coordenador do Núcleo Superior de Estudos Governamentais / NUSEG/Uerj. Coordenou naquela instituição também o Curso de Segurança Pública. Exercitou suas competências na Faculdade de Formação de Professores da UERJ / Departamento de Letras até junho de 2008. Também atuou em inúmeros cursos de formação em nível nacional e internacional.

 

O professor Jorge da Silva era um intelectual dedicado a deixar registrado na forma de livros suas reflexões, resultado de suas pesquisas e uma observação qualificada sobre as questões sociais, envolvendo a segurança pública e o Direito. Deixou oito livros publicados em torno de temas como segurança pública, criminologia crítica, violência urbana, racismo, polícia, além de artigos em publicações nacionais e estrangeiras.

 

Finalmente, compreendemos ser esta uma enorme perda, ainda mais se consideramos a situação em que vivemos, em nível mundial. Sequer temos a oportunidade de expressar publicamente, de corpo presente, nossa estima, admiração e agradecimentos ao dileto colega. Muito fez ele em prol da educação em todos os níveis, em especial na Universidade. Foram imprescindíveis seus aportes pela dignidade da população negra, no âmbito da polícia militar e, por tudo isso, pela democracia e pela sociedade. Esperamos com essas palavras poder encontrar a todos que partilham de nossos sentimentos, confortando-nos mutuamente pelo pedaço que de nós escapa do mundo material para habitar a memória de nossas instituições.

 

 

Pesquisadores da Rede Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos - INCT-InEAC

 

 

 

 

Foto de 

Pedro Heitor Barros Geraldo

 

Os pesquisadores vinculados ao INCT/INEAC, Frederico Policarpo de Mendonça Filho, com o projeto "Programa de Pós-Graduação em Justiça e Segurança" e Gisele Fonseca Chagas, com o projeto " Apoio à pesquisa, ensino e produção acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Antropologia/UFF no contexto da Covid-19" foram selecionados no Edital 05/2020 – Apoio aos Programas e Cursos de Pós graduação Stricto sensu do Estado do Rio de Janeiro . Parabéns aos nossos colegas !!

Confira em anexo o resultado completo do Edital 05/2020 – Apoio aos Programas e Cursos de Pós graduação Stricto sensu do Estado do Rio de Janeiro.

Página 65 de 155