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Claúdio Salles

Claúdio Salles

Os antropólogos e pesquisadores vinculados ao INCT INEAC, Felipe Berocan e Fábio Reis Mota, participam  em Puno, no Peru, do Seminário Internacional LAS CIENCIAS SOCIALES EN EL SIGLO XXI: Miradas diferentes y convergentes .  O evento acontece nos próximos dia 22 , 23  e 24 de outubro de 2019, na Universidad Nacional del Altiplano Puno.

Confira abaixo  a programação completa do seminário.

 

                                           PROGRAMA  GENERAL

MARTES 22 DE OCTUBRE

AUDITORIO MAGNO DE LA UNA PUNO

8:00 – 9:00 INSCRIPCIONES (Frontis del Auditorio Magno)

9:00 – 10:00 INAUGURACIÓN (Programa especial)

10:00 – 12:00

Dr. Manuel Alcántara Sáenz

PONENCIA: El proceloso significado hoy de lo político. Especial consideración

                      para el ámbito de América Latina.

 

AUDITORIO DE EDUCACIÓN CONTÍNUA

 

14:00 – 18:00

Dr. Darío Rodríguez Mansilla - Universidad Diego Portales - Chile

PONENCIA: Lo inesperado en las organizaciones del siglo XXI: ¿Sirve la cultura

                        para explicarlo?

 

Dra. Eloína Castro Lara - Benemérita Universidad Autónoma de Puebla - México

PONENCIA: Pensar la Comunicación (en)clave decolonial.

 

Dr. Josef Estermann - Universidad de Lucerna - Suiza

PONENCIA: El giro intercultural y decolonial en las Ciencias Sociales. Un aporte desde la

                       filosofía andina.

 

MIÉRCOLES 23 DE OCTUBRE

 

9:00 – 12:00

Dr. Felipe Berocan Veiga Universidade Federal Fluminense – Brasil    

PONENCIA: Bailar en la ciudad: diversiones nocturnas y renovación urbana en el centro

                       de Rio de Janeiro.

 

Dr. Carlos ReynosoUniversidad de Buenos Aires – Argentina

PONENCIA: Teorías y técnicas de la antropología latinoamericana en el siglo XXI –

                       viejas amenazas y nuevas perspectivas.

 

14:00 -18:00

Reuniones paralelas entre profesionales locales e invitados al seminario según especialidad.    

 

JUEVES 24 DE OCTUBRE

 

9:00 – 13:00

Dr. Fabio Reis Mota - Universidade Federal Fluminense – Brasil

PONENCIA: Usos y abusos de la "identidad": una reflexión antropológica sobre las

                       políticas  de reconocimiento en el mundo contemporáneo.

 

Dr. Laurent Thévenot - Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, París - Francia.

PONENCIA: Metamorfosis de la autoridad y 'gobierno por estándares'. Aportes de la

                      sociología pragmática de las grandezas, las convenciones y los

                      involucramientos.

Reproduzimos aqui, em nosso site, o artigo POLÍCIAS, A FAIXA DE POSSE E O MEDO DOS GOVERNANTES, da antropóloga e cientista política Jacqueline Muniz (DSP/UFF), que foi publicado no Blog faces da violência - https://facesdaviolencia.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/policias-a-faixa-de-posse-e-o-medo-dos-governantes/

 

POLÍCIAS, A FAIXA DE POSSE E O MEDO DOS GOVERNANTES


Jacqueline Muniz DSP/UFF


07/10/2019. O jornalista Rafael Soares, do O Globo, noticia que um PM do BOPE propôs ao chefe do tráfico do Complexo da Serrinha, bairro de Madureira, a morte de um oficial do 9º BPM que comandava operações policiais na área. O conteúdo da matéria é extraído do grampo realizado, com autorização judicial, entre 2014 e 2015. O tom de gravidade do ocorrido e de perplexidade pela sua repetição revela a importância da notícia e que ela não é um mero registro factual. O próprio Elio Gaspari a retoma em sua coluna de hoje, na Folha.

Casos noticiados de aluguel da autoridade policial para propósitos pessoais e ilícitos têm aparecido, com uma regularidade alarmante e, principalmente, como um recurso fundamental para a governança da economia do crime em rede e itinerante. Negociatas retalhistas da carteira de polícia chocam porque dão a medida qualitativa da extensão e disseminação destas práticas no cotidiano dos fazeres policiais.

No Rio de Janeiro, os arranjos políticos com os domínios armados no atacado, revelam-se incapazes de absorver e coordenar os acertos policiais no varejo. A articulação com os mercados ilícitos pelo topo parece se realizar por uma lógica de conflito latente e manifesto com os variados acordos saídos da base da pirâmide policial. Tem-se disputas internas por fatias do mercado ilícito nos territórios populares entre integrantes do alto e do baixo escalão e dentro dos mesmos níveis hierárquicos. Como resultado, os contratos com os grupos criminosos, também em disputa frente a pouca durabilidade dos acordos político-comerciais, se tornam ainda mais provisórios, instáveis e de baixa confiabilidade, exigindo atuações violentas ostentatórias, de parte a parte, para fazer valer e atualizar as regras precárias de um jogo econômico milionário.

A inversão informal e a fragmentação invisível da cadeia de comando e controle policial pela autonomização e particularização do poder de polícia, têm rendimentos significativos para a exploração de mercados ilícitos. Possibilitam que cada unidade operacional, cada guarnição e, no limite, cada policial possa fazer, de forma independente, a sua própria “operação policial” e promover sua guerra particular, seja em nome de algum interesse público, seja em seu próprio nome. Não se explicita uma unidade de comando na gestão dos policiamentos públicos e nem se observa uma unidade de comando nas atividades policiais ilegais.

As inúmeras possibilidades individualizadas de ganhos ilegais por policiais que prestam serviços criminosos crescem na medida em que eles são emancipados de qualquer controle institucional e tornam-se livres para operarem de forma avulsa e localista. Isto corresponde a transformar o poder de polícia em um cheque em branco a ser preenchido pelo agente da lei com o lastro de suas clientelas acima, abaixo e ao redor. Tem-se tantos arranjos policiais ilegais possíveis quanto oportunidades de arrendamento de territórios populares para grupos armados.

Não me canso de alertar para o processo em curso de autonomização predatória do poder de polícia que produz governos autônomos e criminosos. Não me canso de falar que a violência e a corrupção policiais são dois lados da mesma moeda negociada dos mercados ilegais que produzem ameaça para vender proteção. Não me canso de dizer que não são os meios (de força) que devem determinar os modos e os fins de sua ação.

Não me canso de repetir que a espada (executora do poder coercitivo da sociedade administrado pelo Estado) não pode, ela mesma, definir a extensão e profundidade do seu corte. Não me canso de insistir que a espada, entregue a si mesma, corta a língua do verbo da política da esquerda e da direita e rasga a letra da lei. Não me canso de esclarecer que a “síndrome do cabrito” (sobe-desce morro) serve para transformar as polícias em mercadorias a serviço de interesses corporativistas, de oportunismos político-partidários e de apropriações privatistas.

Não me canso de avisar que governantes, iludidos com o “tiro, porrada e bomba”, ficam sitiados em seus gabinetes e perdem o governo da segurança. Não me canso de alertar que quando o governante tem medo de comandar as polícias, ele torna os policiais inseguros em seu trabalho e os cidadãos acuados diante de sua polícia.

O medo generalizado tem sido um péssimo conselheiro. Governante, policiais e cidadãos tornam-se presas fáceis das cruzadas moralistas e do estelionato dos senhores da guerra e dos mercadores da proteção. A polícia do bem vai perdendo as ruas para a polícia dos bens. Os cidadãos vão perdendo a soberania do ir-e-vir para a sujeição nos confinamentos grupais e espaciais.

O agravamento do temor tem cumprido o seu papel: destituir as polícias de institucionalidade, miliciando os seus recursos e rifando as vidas policiais. O marketing do terror tem produzido o seu principal resultado: fazer crer que matar tem mérito e que morrer tem merecimento! Fazer crer que há uma guerra contra o crime, o que dá vida e legitima discursos amedrontados e reativos tanto favoráveis quanto contrários!

Não me cansarei de dizer: quem não comanda a segurança não tem como garantir a estabilidade do governo e do exercício de seu próprio poder. Vão-se as mãos da caneta que decreta a “política do abate”. Vai-se a voz que comanda o “tiro na cabecinha”. Fica-se somente com a faixa de posse em um manequim sem medidas, indício de desnorteio emocional e político, memória do fracasso já anunciado. Atrás de policiais que matam e que morrem, têm sempre uma polícia institucionalmente fraca e um governante vulnerável.

 

* Professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense – UFF
[13:12, 13/10/2019] Jacqueline Muniz: Bjs

Acontece no próximo dia 30 de outubro de 2019, na UFF, o Seminário Mulheres e Liberdade: Agenda Feminista sobre o Desencarceramento .  A atividade irá reunir pesquisadores, ativistas, militantes e defensores de direitos humanos que atuam na reflexão sobre o cárcere e como este atinge especialmente as mulheres. Iremos apresentar resultados do projeto de extensão Agenda Feminista sobre o desencarceramento que serão publicados no Manual Antirracista da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas, produzido em parceria com pesquisadores do INCT-InEAC.

Segue a programação completa:

Seminário Mulheres e Liberdade: Agenda Feminista sobre o Desencarceramento


Local: Auditório do Bloco O - ICHF/UFF
Data: 30 de outubro de 2019

9h30 - Mesa de Abertura
Roberto Kant de Lima (INCT-InEAC/UFF)
Lenin Pires (DSP/LAESP/IAC/UFF)
Lucía Eilbaum (GAP/GEPADIM/NUFEP/UFF)
Flavia Medeiros (DSP/PPGA/UFF e RENFA-RJ)

10h - Direitos, Maternidade e Prisão
Isa Pimentel (RENFA-RJ e Elas Existem)
Mariana César (RENFA-RJ)
Natália Brandão (PPGA/UFF)
Natália Damázio (Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura)
João Marcelo (NUSPEN/Defensoria Pública RJ)

Coordenação: Luana Martins

12h30 Intervalo Almoço

14h - A Agenda Nacional pelo Desencarceramento
Monique Cruz (Justiça Global)
Patrícia de Oliveira (Rede de Movimentos e Comunidades Contra a Violência)
Eliene Silva (Mães de Manguinhos/ISER)
Luana Malheiro (UFBA/RENFA-BA)
Lia Manso (ONG Criola)

Coordenação: Flavia Medeiros

16h30 Intervalo Café

17h -Mulheres e Liberdade
Ana Tonini (Todxs Unidxs e RENFA-RJ)
Ivanir Souza (Rede de Movimentos e Comunidades contra a Violência e RENFA-RJ)
Alice Magalhães (GEPADIM/UFF e RENFA-RJ)
Rebeca Lima (LAESP/PSICOCULT/UFF)
Luana Martins (PSICOCULT/PPGSD/UFF e RENFA-RJ)
Flavia Medeiros(DSP/GEPADIM/PPGA/UFF e RENFA-RJ)


Coordenação: Natália Brandão

 

O antropólogo Rolf Malungo (UFF), pesquisador vinculado ao INCT/INEAC lançará no  CEAO Centro de Estudos Afro-Orientais, em Salvador na Bahia, no próximo dia 7 de novembro de 2019, o livro Diálogos contemporâneos sobre homens negros e masculinidades . 

 

Confira no cartaz abaixo mais informações sobre o evento. 

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) promoverá nos dias 14 e 15 de outubro, no Auditório da Fundação Hansen Bahia, em Cachoeira, a programação do Seminário Práticas políticas e epistemologias negras: masculinidade, território e violência.

O evento, promovido pelo Grupo de Pesquisa "Territorialidade, Violência e Patrimônio no Recôncavo da Bahia", integra as atividades do Mestrado em Ciências Sociais, Cultura, Desigualdade e Desenvolvimento, ministrado no Centro de Artes, Humanidades e Letras(CAHL).

A antropóloga Flávia Medeiros, pesquisadora vinculada ao INCT/INEAC fará a conferência de abertura .

Mais informações sobre a programação do Seminário Práticas políticas e epistemologias negras: masculinidade, território e violência acesse o link https://www.ufrb.edu.br/portal/component/chronoforms5/?chronoform=ver-evento&id=826

 

O IPPUR/UFRJ organizam de 07 à 10 de outubro a XXV SEMANA PUR - 2019 . A Semana de Planejamento Urbano e Regional é promovida anualmente pelo IPPUR - UFRJ desde 1994 e se constitui num evento que proporciona uma ampliação e renovação do diálogo entre docentes, pesquisadores, estudantes e técnicos-administrativos vinculados ao IPPUR (e entre eles e a sociedade).Flávia Medeiros, pesquisadora vinculada ao INCT/INEAC participa da mesa NEOLIBERALISMO, VIOL}ENCIA E ESPAÇOS DE SEGREGAÇÃO RACIAL. 
que acontecerá dos dias 07 a 10 de outubro de 2019, com o tema: A inflexão ultraliberal e o desmonte das políticas públicas no Brasil.

Mais informações em: https://www.ippur.ufrj.br/index.php/pt-br/semana-pur-2019

Formulário de inscrição de Trabalhos (oral, pôster, fotografia e vídeo): https://forms.gle/v95PPN2G6xyg4B1q7

Formulário de inscrição de Laboratórios: shorturl.at/mszLQ


Inscrição de ouvintes: https://forms.gle/SgS4QWCs2Yiq7xBA7

Para dúvidas, envie e-mail para: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


PROGRAMAÇÃO

Por sessão temática: http://ippur.ufrj.br/images/Semana_PUR_2019/Programa%C3%A7%C3%A3o_por_Sess%C3%A3o_Tem%C3%A1tica_-_Semana_PUR_2019.pdf

Por horários: http://ippur.ufrj.br/images/Semana_PUR_2019/Programa%C3%A7%C3%A3o_por_hor%C3%A1rios_-_Semana_PUR_2019.pdf

 
 

Acontece no Rio de Janeiro entre os dias 16 e 18 de outubro de 2019, o IV ENCONTRO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS DA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA. O evento que conta com a participação de vários pesquisadores vinculados ao INCT/INEAC vai se realizar no campus Tijuca da UVA,  das 9h às 18h.

O IV ENCONTRO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS DA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA - UVA será transmitido pelo LEMI - Laboratório de Estudos Multimídias do INCT/INEAC.

Para assistir acesse a Fan Page do INCT InEAC : https://www.facebook.com/inctineac/

Ou o canal do Youtube: https://www.youtube.com/c/ineac

Acesse, curta, se inscreva e compartilhe: seja um militante da difusão científica.

Confira abaixo a programação completa do evento

 
 

Nessa segunda-feira, dia 30 de setembro de 2019, aconteceu no Solar do Jambeiro em Niterói o lançamento do livro "Mapas de Percepção de Riscos" de autoria das antropólogas Ana Paula Mendes de Miranda (UFF, INCT/INEAC), Jacqueline Muniz (UFF, INCT/INEAC) e Roberta Corrêa (UFF, INCT/INEAC). 

O evento teve o comparecimento de um bom público, confira aqui as fotos do lançamento.


O site do INCT/INEAC reproduz aqui o artigo publicado, nessa segunda-feira, 30 de setembro de 2019, no Blog Ciência e Matemática do O GLOBO e escrito pelo  antropólogo Ronaldo Lobão, Pesquisador InEAC/UFF. https://blogs.oglobo.globo.com/ciencia-matematica/post/o-que-reintegracao-de-posse-revela-sobre-o-judiciario.html?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar&fbclid=IwAR3P6ovITEhapBbd4Gr_zZGC-pirZkjmmkvyIBKsE8Rt_nzKGi8t9MZpARI

 

O que a reintegração de posse revela sobre o judiciário

Em geral, uma ação de reintegração de posse coloca frente a frente um grupo que exerce uma posse e um outro que possui um título de propriedade sobre o mesmo espaço. Cabe ao judiciário apreciar os argumentos de ambas partes para definir se a posse é mansa e pacífica e os posseiros devem permanecer no local ocupado ou se o proprietário deve ter uma posse pretérita reestabelecida.

 

Entretanto, desde sempre, como descreveu Auguste Saint Hilaire em seu diário da segunda viagem ao Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo em 1822,

os pobres que não podem ter títulos, estabelecem-se nos terrenos que sabem não ter dono. Capinam matos virgens, plantam, constroem pequenas casas, criam galinhas e quando menos esperam aparecem-lhe sum homem rico, com o título que recebeu na véspera, expulsa-os e aproveita o fruto de seu trabalho.

Essas situações chegavam ao judiciário no século XIX, como descreveu Márcia Menendes Motta. Como padrão, nesses processos judiciais, o discurso das testemunhas dos coronéis sobrepujava a trajetória longeva e pristina da ocupação, uso e permanência dos posseiros.

Poder-se-ia pensar que, no século XXI, a valoração das provas teria se alterado em nosso sistema judicial. Mas não é isso que vimos em um processo judicial envolvendo duas famílias de pescadores artesanais da beira da praia e uma loja maçônica na região oceânica de Niterói. Saíram os coronéis, mas entrou em cena uma loja maçônica, que em seu nome homenageia a esposa falecida de um ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Na decisão de primeira instância, ratificada pelo TJ, uma parte “livre” do Quintal dos Pescadores de Itaipu foi excluída da posse dos pescadores – que ocupam este lugar há mais de cem anos. O fundamento foi o testemunho de um empregado de uma empresa de engenharia, proprietária do lote desde 1990, que alegou ter “avistado” uma obra no lote 12 e teria dito ao pescador para interromper a mesma. Esse lote havia sido comprado pela empresa em conjunto com outros seis lotes. Ela finalizou a construção nestes seis lotes em 1994, mas nunca utilizou a área ocupada pelos pescadores. E no final de 2014 doou o lote 12, com cláusula que transferia uma posse não usufruída ao donatário, a uma loja maçônica para construção de sua sede.

A loja maçônica, em outubro de 2015, na qualidade de proprietária e detentora de uma pretensa posse, interrompeu as conversas com os pescadores e ajuizou ação de reintegração de posse com pedido de demolição das casas centenárias ocupadas pelas famílias dos pescadores.

O que os pescadores apresentaram em sua defesa? Diferente dos posseiros do século XIX, os pescadores de Itaipu, suas artes, sua praia e demais espaços de produção são sujeito e objeto de pesquisas antropológicas há quase cinquenta anos. Pesquisadores da Universidade Federal Fluminense são parceiros dos pescadores e testemunhas da ocupação deste lugar desde a década de 1970.

Chamados a participar da defesa no processo judicial, reunimos, coletamos e produzimos material farto que comprova a ocupação longeva, mansa e pacífica das casas dos pescadores e do lote. Aliás, registramos essa ocupação muito antes do lote sequer existir, posto que o Loteamento Cidade Balneária de Itaipu foi desenhado na década de 1940 e as casas e as famílias dos pescadores já estavam lá. Mapas elaborados pelo IPHAN indicam a presença das casas antes mesmo da abertura da matrícula do lote no Registro Geral de Imóveis. Fotos aéreas da década de 1970, antes da abertura do canal de Itaipu registram as casas e um outro desenho de arruamento. Em conjunto com os pescadores elaboramos uma genealogia das famílias dos pescadores, hoje com mais de mil nomes, que retrata a ocupação do Canto de Itaipu ao longo do século XX. Desenvolvemos o conceito de “genealogia das casas” para mostrar a estratégia de permanência dos pescadores em seu lugar através transmissão patrimonial, desmembramentos e remembramentos de espaços de uso comum e particular. Isso porque não se trata de espaços “escriturados”, mas vividos. Indicamos ao judiciário que estes pescadores compõem a Reserva Extrativista Marinha de Itaipu, conquistada por eles em 2013, em uma luta de quase vinte anos, com a UFF como parceira. Neste lugar, estes pescadores foram reconhecidos como população tradicional, por força da legislação federal, e assim colocaram-se ao abrigo da Constituição em seus artigos 215 e 216, que protegem a cultura e os grupos formadores da sociedade nacional.

O Canto Sul da Praia de Itaipu foi tombado pelo INEPAC na década de 1980 com o objetivo de “garantir a posse da terra a quem de direito [... e] não permitir a devastação de nossas praias, costões, pontais e ilhas pela especulação imobiliária e turismo predatório”. Foi ressaltado no processo o tombamento da pescaria tradicional de Itaipu como patrimônio cultural imaterial da Cidade de Niterói em 2012.

Em 2017, lei estadual declarou como patrimônio cultural, histórico e imaterial do Estado do Rio de Janeiro, e considerou como de especial interesse social as comunidades quilombolas, caipiras, caboclas, de pescadores, vedando sua remoção ou remanejamento de seu local de origem.

No Plano Diretor da Cidade de Niterói, aprovado em 2018, o Quintal dos Pescadores de Itaipu foi integrado à Zona Especial de Interesse Social de Itaipu, política urbana que visa abrigar moradias de baixa renda.

Todo esse material, cinquenta anos de pesquisas, quatro gerações de pesquisadores, inúmeras políticas públicas, leis municipais e estaduais, nada foi suficiente para ter mais valor que o relato de alguém que “avistou”, em data incerta, uma obra e a interrompeu. De fato, o verbo é adequado, pois quem avistou estava do lado de fora do Quintal dos Pescadores, pois não exercia de fato a posse. A empresa de engenharia não poderia ter transferido uma posse que nunca deteve sobre o lote 12, onde nunca construiu por mais de vinte anos exatamente por estar na posse das famílias dos pescadores, como o Quintal dos Pescadores.

Mas... não se trata de testemunho, argumentos, pesquisas. Não se trata de valorar provas para definir direitos. O resultado da ação já estava determinado mesmo antes de seu início. Não por se dar valor a uma escritura de propriedade e a uma cláusula de transferência de posse. Não por colocar de um lado duas famílias de pescadores artesanais tradicionais e de outro uma loja maçônica. Esses elementos poderiam ser necessários, mas não suficientes.

O que torna esta disputa uma luta perdida desde o início em nosso judiciário é a certeza de que mesmo diante de muitos avanços normativos e institucionais, as descrições de Auguste Saint Hilaire e Márcia Menendes Motta, produzidas acerca de nosso judiciário do século XIX, mantém-se tristemente atuais, em especial, quando tratamos da permanência e acesso à terra por aqueles que sempre foram pilhados em seus direitos.

 

 

Acontece em outubro na UFF o  III Seminário de Pesquisa sobre os usos terapêuticos da maconha . O evento ocorrerá nos dias 9, 10, 11 de outubro de 2019 no auditório do bloco P do campus do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense, em Niterói/RJ.

A organização deste evento é fruto de uma parceria entre o Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC/UFF) e a Rede Jurídica pela Reforma da Política de Drogas (REFORMA) e contará com o apoio do Laboratório e Estúdio Multimídia do InEAC (LEMI/UFF) que fará a TRANSMISSÃO AO VIVO através da página do InEAC no Facebook e do YouTube. Curta a página e ative as notificações para se manter informado e não ficar de fora!

A ABRACANNABIS também apoia este evento. Trata-se de uma associação carioca sem fins lucrativos que fornece auxílio médico e jurídico para pessoas que possuem doenças graves, tendo como foco principal o auto cultivo doméstico.

Em breve divulgaremos a programação do evento contendo os horários e a ordem das palestras com pesquisadores, juristas e ativistas que são referência em todo Brasil! Não perca!


OBS: O evento é gratuito e as inscrições serão realizadas na hora.


Links para transmissão ao vivo e contato:


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